segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Banco de investimentos de Dubai cria fundo de futebol

Por: Diego Lazzaris Borges

SÃO PAULO - O United Investment Bank (UIB), banco de investimentos com sede Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, lançou um fundo voltado para o futebol, o Royal Football Fund.

De acordo o site especializado em negócios envolvendo futebol, Soccerex, o fundo pretende arrecadar US$ 200 milhões (equivalente a R$ 337,3 milhões) de instituições e de pessoas físicas com patrimônio elevado no Oriente Médio e outros mercados emergentes.

Os recursos do fundo ficarão concentrados na aquisição dos direitos econômicos de jovens jogadores – em parceria com clubes e agentes – na América Latina, África e países europeus com histórico de desenvolvimento de talentos. Também serão feitos investimentos em clubes de futebol e na promoção de jogos e seus direitos de marketing, transmissão e mídia.

“O retorno dos direitos econômicos dos jogadores pode ser extremamente forte. Para citar alguns exemplos: Deco (que hoje joga pelo Fluminense) gerou um retorno interno de 21,29%; Pepe (hoje no Real Madrid), de 146,62%; Falcão Garcia (hoje no Atlético de Madri), 164,54%; Lisandro Lopes (atualmente no Lyon), 37,21%; Lucho Gonzales (do Olympique de Marselha), 16,68%; e Raul Meireles (hoje no Chelsea) alcançou 29,24%. A taxa interna de retorno (TIR) média deste grupo de jogadores foi de cerca de 69,26%”, afirmou o CEO do UIB, Raul Silva, de acordo com o site.

Equipe especializada

O UIB afirmou que o fundo reunirá clubes de futebol e uma equipe de investimento que inclui o Porto (de Portugal) e vários especialistas em negócios do futebol.

De acordo com o Soccerex, o conselho do fundo será composto por três nomes-chave: o agente de jogadores licenciado pela Associação Argentina de Futebol e diretor da Academia de Futebol do Milan, Isidoro Gimenez, o ex-diretor do departamento de futebol do Porto e filho do atual presidente do clube português, Alexandre Pinto da Costa, e por Miguel Pinho, que comanda o trabalho de olheiros em busca de jovens talentos do Milan em todo o mundo e é gerente da academia do time italiano em Portugal.

De acordo com Silva, o futebol se trata de uma das poucas atividades de negócios que tem demonstrado crescimento contínuo nos últimos 30 anos. “Esse é um fundo onde as grandes receitas são geradas pela paixão dos torcedores”, disse “É a paixão dos fãs de futebol pelo mundo que leva os clubes a investirem de forma contínua na melhoria de suas equipes”, concluiu.

No Brasil

No Brasil, alguns clubes já estudam a possibilidade de criar fundos, abertos para pessoas físicas, com objetivos de captar recursos para a sua administração. Assim como no Royal Football Fund, o investidor ganharia com os direitos econômicos do atleta, ou seja, na transferência do jogador para outro clube.

Na regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não existe uma categoria que qualifique fundos que investem em futebol ou outros setores. “O fundo atualmente registrado na CVM mais próximo disso é o Soccer BR1, que é um Fundo de Investimento em Participações (FIP)”, aponta a autarquia.

Entretanto, todas as cotas deste fundo pertencem a um único banco, que também atua no futebol como patrocinador de diversos clubes da primeira e segunda divisões.


Confira as últimas postagens
País importa inflação vinda da China
A importância e os desafios das MPEs

Tags: fundos-investimentos, renda-fixa, futebol, rentabilidade, aplicações-financeiras, gestão-fundos, finanças, investimentos, tags-finanças

domingo, 30 de outubro de 2011

País importa inflação vinda da China

A ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que cresceram 9,25% em 12 meses

Iuri Dantas

BRASÍLIA - A inflação no Brasil vem desacelerando em direção à meta de 4,5%, em linha com o cenário elaborado pelo Banco Central. Mas isso não significa preços mais baixos. A assistente administrativa Eneide Chaves Custódio, 49, por exemplo, vem percebendo que roupas e brinquedos importados da China estão mais caros na prateleira. A consumidora confirma a pressão sobre os preços que vêm da Ásia: o Brasil está importando parte da inflação chinesa. 

"Com a presidente não está tão ruim, mas não é mais tão bom quanto era com o Lula", diz Eneide. "Antes a gente sentia mais segurança", afirma. "E essa coisa do Banco Central depende mais da política do governo", acrescenta, ao ser indagada sobre o comportamento da inflação e a atuação do Banco Central. "Os brinquedos estão bem mais caros do que em qualquer época e as roupas estão custando mais também."


O comportamento da economia chinesa provoca um impacto direto e outro indireto nos preços do País, conforme explica o ex-secretário de Política Econômica Julio Gomes de Almeida. 

De um lado, o apetite do gigante asiático por matérias primas - as commodities - pressiona cotação de produtos como cobre e trigo. Esses itens, que o Brasil precisa importar, acabam chegando mais caro ao País. 

Por outro, houve elevação de custos de produção na China, por conta de salários mais altos. E isso resulta em manufaturados mais caros. 

"Bens intermediários e de consumo já estão um pouco mais inflados pela inflação chinesa", afirma Almeida, que atualmente preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). "A China deixou de fazer exportações ‘desinflacionárias’, como nos anos 1990 e 2000. E agora exporta inflação. Isso vai continuar assim: o conteúdo inflacionário veio pra ficar", afirma.

Pressão

O principal fator de pressão sobre a inflação brasileira não é mais o preço de serviços, segundo dados compilados pelo Banco Central. O valor cobrado por serviços, tais como manutenção de automóveis e cabeleireiros, subiram 9,03% nos 12 meses encerrados em setembro. Agora, a ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que cresceram 9,25% no mesmo período.

Estes itens, somados a bens semiduráveis - como artigos de limpeza e produtos farmacêuticos - representam 38% do índice oficial de inflação do País, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas categorias também são as que mais reagem aos preços chineses, colocando em risco uma possível queda do custo de vida brasileiro.

As importações de calçados da China, por exemplo, cresceram 19% nos primeiros nove meses de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o preço médio da unidade subiu de US$ 4,93 para US$ 6,28, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nas contas do IBGE, o preço de calçados teve um incremento de 8,74% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.

O preço médio do brinquedo chinês também subiu, como notou Eneide. O valor passou de US$ 1,21 para US$ 1,46 no mesmo intervalo.

Parte desse aumento teve a ver com o governo nacional, que em dezembro aumentou de 20% para 35% a tarifa de importação, afim de proteger o fabricante nacional. Mesmo assim, as importações cresceram 38%.
 
Sabão e material de limpeza, cujas compras feitas pelo Brasil da China subiram 61%, também estão custando mais. Foram importados a US$ 2,05 por quilo de janeiro a setembro do ano passado. Este ano, no mesmo período, o preço passou para US$ 2,37.

Transmissão

"O salário na China está subindo e os custos estão aumentando", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "As empresas chinesas têm que repassar esses custos maiores, é possível que estejamos trazendo um pouco de inflação de lá para cá", avalia ele.

"Mas quando conversamos com algumas empresas, vemos que houve aumento. Mesmo assim, o preço chinês ainda continua muito mais vantajoso em relação ao nacional", acrescenta.

Outro canal de transmissão da inflação da China para o Brasil são os insumos utilizados pela indústria nacional. O empresário nacional, segundo Castro, é quem vai decidir se repassa ou não esses custos maiores para o consumidor.

Pelo sim, pelo não, a arquiteta Ciane Gualberto Feitosa Soares, 56, evita produtos "made in China". "Uma vez fui comprar cobertor e me ofereceram um da China", diz ela. "Li no jornal que a China também está na crise e que isso vai afetar o Brasil. Então, comprei um nacional, um pouco mais caro, para ajudar."


Confira as últimas postagens

Tags: inflação-China-Brasil, comércio-internacional, corrente-comércio, mercado-chinês, exportações-importações-brasileiras

Empresa americana sem registro pode receber multa recorde por vender seguro de vida no Brasil

Nielmar de Oliveira*
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Superintendência de Seguros Privados, (Susep), órgão que regula o setor de seguros no Brasil, iniciou um processo contra a empresa americana National Western Life que poderá resultar em uma multa recorde de R$ 11 bilhões.

A empresa, que tem sede no Texas, pode ter que pagar a multa por vender, sem a autorização da Susep, seguros de vida no Brasil. “Nós estamos em um processo de intimação dessa empresa nos Estados Unidos. Ela terá amplo direito à defesa, ao contraditório, e os argumentos da companhia serão analisados no âmbito da autarquia. Só depois teremos uma decisão definitiva em relação à condenação”, explicou o superintendente.

Portal informou à Agência Brasil que, paralelamente à questão da aplicação da multa, a Susep estuda a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça para que a seguradora suspenda as atividades no país. “Estamos avaliando a propositura de uma ação para que obtenhamos uma decisão que impeça a continuidade da atuação da empresa.”

“No caso dessa multa de R$ 11 bilhões [que pode ser aplicada] à seguradora norte-americana, foi a primeira autuação que fizemos nesse nicho de empresas estrangeiras. É a primeira na história da Susep e, sem dúvida, [será] a maior multa já aplicada pela Susep”, destacou ele.

De acordo com Portal, a superintendência tomou conhecimento do caso há alguns anos, por meio de processos judicias movidos por consumidores que não tiveram seus contratos honrados. “Tivemos acesso aos dados e começamos a investigar o caso. Esses consumidores, inclusive, tiveram que ingressar na Justiça americana para ter seus direitos atendidos, uma vez que a Justiça brasileira admitiu como válida a citação de um representante comercial, mas a Justiça americana não aceitou.”

Segundo ele, com isso, o processo teve de recomeçar do zero na Justiça dos Estados Unidos. “Foi acompanhando esse assunto que chegamos ao auto de infração”, contou.

O superintendente lembrou que, normalmente, há a prática de estelionato associada à atuação irregular dessa empresas. “Essas cooperativas que atuam aqui no Brasil são criadas com o propósito de enriquecimento ilícito. Alguns anos após a abertura da empresa, depois de captar recurso da economia popular, a gente verifica que elas fecham as portas e abrem outra empresa com objetivo similar e com outra denominação.”

Portal aconselha o consumidor a fazer negócios com empresas habilitadas a atuar na área. “Contratando empresas sem autorização, o consumidor, muito provavelmente, será lesado. Existe uma chance muito grande de que isso aconteça, seja porque essas empresas propositalmente não honrarão com seus contratos, seja porque, em algum momento, a Susep aplicará sanções pecuniárias pesadas e elas acabarão tendo um desequilíbrio econômico que acarretará prejuízo ao consumidor”, disse.

*Colaborou Cristiane Ribeiro // Edição: Juliana Andrade

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O fim da crise

Por Humberto Dalsasso
Artigo publicado em http://www.cofecon.org.br

Esta seria a manchete que todo o ser humano sensato gostaria de receber. Porém, se verdadeira. Se esta notícia alvissareira é tão desejável, porque não sai? É porque não se gosta de publicar coisas boas ou porque a situação ainda está complicada e a notícia seria falsa? Se está complicada, qual a razão? Quem complica? Quem poderá solucionar? Se tivéssemos respostas afirmativas com facilidade talvez já tivesse saído. Mas se o pessimismo da impossível solução predominar, mais fortes e repetidas ficarão as crises.

Mas quem poderá resolver ? 

Há os que têm maiores poderes e outros com menores. Mas todos somos responsáveis, em maior ou menor dose, em influência, autoridade e poder. 

Incompetência, irresponsabilidade, corrupção e roubo existem, em maior ou menor intensidade, em grande parte do mundo. Mas nas regiões em que a “comunidade cívica” está presente, tão logo percebidos esses indesejáveis comportamentos, deflagram-se ações eficazes e os responsáveis são imediatamente identificados e punidos pelas autoridades ou pela sociedade. 

Assim como a agressividade injusta, a passividade é indesejável, visto que permite que a ocupação dos espaços pelos especuladores e corruptos vá se tornando crescente e natural e as conseqüências vão para toda a sociedade. Não há jantar grátis. Alguém paga. 

Voltando ao foco do tema, pergunta-se: Por que as crises econômicas têm ressurgido com maior freqüência? 

Embora não se desconheça a realidade dos “ciclos”, a intensidade e freqüência têm aumentado por razões lógicas. A ganância, a corrupção e a irresponsabilidade soberana, como dito antes, têm conduzido o Sistema Econômico ao núcleo de um vulcão (panela fervente) que, em menor ou maior intensidade, vai estourando em partes diversas do universo. Esses três agentes têm levado a uma forte desproporção entre a corrente real e a corrente nominal do sistema econômico. 

Antes do surgimento da moeda simbólica – metálica, papel moeda, crédito e derivativos – o sistema contava apenas com a corrente real. Aí, as transações eram pelo “escambo” e a relação de troca era 1 por 1. Figurativamente, trocava-se um boi por um cavalo ou dois bois por um camelo. Isto é, um produto por outro produto. Com o surgimento e expansão da moeda simbólica, facilitou-se o fenômeno da transação. 

A maior rotação da corrente nominal permitiu que, com uma unidade, se pudesse mobilizar algumas unidades da corrente real. Assim, para uma unidade da real (do PIB, por exemplo), seria necessária apenas pequena parcela (exemplo: 0,4) da nominal satisfizesse. Surge, então, o Fator K (Fator multiplicador do Capital). Porém, a especulação, o descontrole, a corrupção e, em grande parte, a irresponsabilidade governamental, permitiram que, hoje, o Fator K esteja superior a 15, gerando um desequilíbrio estrutural. 

A facilidade para emitir moeda, em caso de aperto ou de interesse político, alimenta esse desequilíbrio. Embora existam normas para essas emissões, nem sempre a transparência e a responsabilidade são praticadas. Com o crescimento do endividamento, os países vão ficando mais vulneráveis e susceptíveis às crises. O retorno ao equilíbrio levará, sem dúvidas, a perdas. 

O que não se pode afirmar é se os pagadores dessa conta serão apenas irresponsáveis beneficiados. Certamente não. Mas, agora ou depois, medidas severas de correção e reequilíbrio do sistema precisarão ser tomadas para sustentar não apenas o crescimento mas, também, o desenvolvimento consistente. Assim como o retorno ao “escambo” é inviável e impraticável, também esse desequilíbrio sistêmico é insustentável.

Confira as últimas postagens
Bancos brasileiros buscam formas de surfar o boom imobiliário
Bancos dos EUA nadam em dinheiro, mas não emprestam
Afinal, o que é assimetria de informações nas MPEs?
Petrobras investirá no Brasil R$ 213,5 bilhões até 2015
Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores

Tags: fim-crise-global, crise-americana-eua, crise-euro, teoria-econômica, transações-agentes-econômicos, capital-trabalho-fator-k 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bancos brasileiros buscam formas de surfar o boom imobiliário

Por Rogério Jelmayer, de São Paulo

Após uns 16 anos de relativa estabilidade econômica, com a inflação em níveis historicamente baixos, os bancos e compradores de imóveis começam a olhar seriamente para os financiamentos imobiliários pela primeira vez na história do Brasil. 

Com o mercado brasileiro de crédito imobiliário começando a ganhar tração, os bancos estão procurando novas maneiras de conseguir os recursos de longo prazo necessários para sustentar o rápido crescimento. 

Com a inflação sob controle, ocorreu um crescimento no interesse pelo crédito imobiliário. No ano passado, os financiamentos habitacionais totalizaram R$ 54,1 bilhões, ante somente R$ 1,9 bilhão dez anos atrás. 

Ainda assim, o crédito imobiliário representa somente 5% da economia brasileira. Mas espera-se que ele dobre em poucos anos. 

Com a expansão do crédito imobiliário, entretanto, surge um outro problema: como captar recursos. 

Quase todos os financiamentos imobiliários no Brasil são bancados com recursos da poupança, que paga juros abaixo do mercado e destina por lei a maior parte de seus recursos para o financiamento habitacional. Essa combinação desestimula a poupança e cria um gargalo para o mercado do crédito imobiliário. 

A Caixa Econômica Federal é a maior detentora de contas de poupança, avaliadas em R$ 144 bilhões, uma minúscula parte dos R$ 4 trilhões do total de ativos do sistema financeiro. A Caixa também administra o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que aloca uma boa parte de seus R$ 260 bilhões para o crédito habitacional. 

Consequentemente, a Caixa é o maior banco de crédito imobiliário do país, respondendo por 71% dos financiamentos em vigor. Ela quer estender seu alcance e atrair novos investidores aumentando a securitização, o processo pelo qual múltiplos financiamentos imobiliários são agregados em pacotes e depois revendidos a um ou vários investidores. 

Esse, entretanto, é o mesmo caminho que acabou por levar à crise do subprime, as hipotecas de alto risco, nos Estados Unidos. 

Autoridades brasileiras são rápidas em apontar para uma combinação de juros baixos e pouca regulamentação que levou os financiadores de imóveis nos EUA a ignorar riscos. Durante décadas, o mercado de crédito imobiliário americano foi perfeitamente saudável e ofereceu a milhões de americanos os recursos para a compra da casa própria. 

Essas autoridades argumentam que os juros ainda altos no Brasil — a taxa básica do Banco Central está em 11,5%, alta em termos internacionais — e uma regulamentação rigorosa vão evitar que o mercado fuja do controle. 

O mercado de securitização deu um importante passo esta semana com uma transação que essencialmente torna o FGTS responsável por atrair novos investidores. O FGTS comprou títulos lastreados por créditos imobiliários avaliados em R$ 2,8 bilhões, principalmente da Caixa, mas também do Banco Santander (Brasil) SA e do Itaú Unibanco Holding SA. 

Espera-se agora que o FGTS venda parte desses títulos para outros investidores e também fique de prontidão para recomprá-los se necessário, ajudando a criar o mercado secundário. 

"O acordo é a primeira tentativa séria de se criar um mercado secundário para títulos lastreados por financiamentos residenciais no Brasil, e acontece depois de mudanças recentes na política de investimentos do FGTS que o autorizam a comprar essa classe de ativos de bancos e incorporadoras", escreveu a Moody's em seu boletim semanal sobre crédito. 

Fabio Cleto, vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, disse que há cerca de R$ 7 bilhões em títulos de financiamentos imobiliários brasileiros em circulação e que, assim que esse nível chegar a R$ 10 bilhões, um mercado secundário deve começar a despontar. Um mercado secundário atrairia uma gama de investidores bem mais ampla, colocando mais recursos à disposição do mercado de crédito imobiliário como um todo. 

De acordo com a Moody's, créditos imobiliários avaliados em mais do dobro desse montante foram ofertados, e uma possível transação no próximo ano pode levar o tamanho geral para perto dos R$ 10 bilhões que Cleto citou.


Confira as últimas postagens
Bancos dos EUA nadam em dinheiro, mas não emprestam
Afinal, o que é assimetria de informações nas MPEs?
Petrobras investirá no Brasil R$ 213,5 bilhões até 2015
Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada

Tags: bancos-brasileiros, crédito-imobiliário, boom-imobiliário, economia-brasileira, caixa-econômica-federal, financiamento-habitacional, mercado-subprime, securitização

Bancos dos EUA nadam em dinheiro, mas não emprestam

Sílvio Guedes Crespo

Mais um efeito esquisito e trágico da crise financeira nos Estados Unidos. 

Depois de o “Washington Post” noticiar que alguns bancos estavam demolindo as casas dos devedores e doando os terrenos, para não gastar com impostos, o “New York Times” aparece com uma reportagem segundo a qual as instituições financeiras estão cheias de dinheiro, a ponto de tentar afastar alguns clientes – e, mesmo assim, não emprestam os recursos. 

“Os banqueiros têm tido um problema estranho esses dias: estão inundados em dinheiro”, afirma o “Times”. O volume de depósitos, que já vinha aumentando, subiu mais nos últimos meses devido à crise na Europa e atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões. 

Segundo o jornal, a população, com medo do que poderá acontecer com a economia, tem guardado o dinheiro no banco, que, por sua vez, não o empresta, seja porque também está inseguro com a economia, seja por não encontrar tomadores confiáveis que estejam dispostos a assumir riscos neste momento. 

O diário cita o caso do Wells Fargo, que recebeu US$ 41,8 bilhões em depósitos no terceiro trimestre, mas só destinou a novos empréstimos US$ 8,2 bilhões. 

“Normalmente, em um ambiente [econômico] mais robusto, a entrada de depósitos seria usada para financiar novos negócios, planos de expansão e compra de imóveis. Mas na frágil economia de hoje, a massa de dinheiro novo está fazendo pouco para gerar crescimento”, analisa o jornal. 

Antes da crise, os bancos disputavam clientes, oferecendo brindes como iPods e taxas de juros de 3% ao ano no CD (equivalente ao CDB no Brasil). Agora, correntistas depositam o dinheiro e aceitam receber juros de apenas 0,25% ao ano porque “é melhor não ganhar nada do que perder”, segundo um consultor ouvido pelo “Times”. 

Migalha 

Os bancos não encontram “tomadores de empréstimo qualificados”, nas palavras do dono de uma pequena instituição financeira. Por isso, têm feito aplicações “em troca de migalha”, diz a reportagem, investindo “em títulos ultra-seguros, como papéis garantidos pelo governo”. 

Como a taxa básica de juros está praticamente zerada, as instituições financeiras ganham muito pouco com esses papéis. “O que os banqueiros chamam de spread [diferença entre o que eles pagam aos credores e o que cobram dos devedores] está sendo esmagado – eles estão ganhando menos dinheiro para cada dólar que têm em mãos”, conta o jornal. 

“É muito difícil, para nós, fazer algum spread significativo em cima desses depósitos”, disse ao diário o presidente do Hyde Park Savings Bank, instituição financeira que baixou juros pagos no CD e se livrou de mil clientes. 

“Se você não pode pôr esse dinheiro para girar, o que fazer com ele? Você está enviando extratos mensais, você tem funcionários nas agências. Tudo isso tem custo”, disse um analista, explicando por que alguns bancos têm até evitado determinados clientes. 

Para o “Times”, essa pressão sobre o spread é “uma ameaça[aos bancos] maior até do que as novas regras de regulação financeira”.


Confira as últimas postagens
Afinal, o que é assimetria de informações nas MPEs?
Petrobras investirá no Brasil R$ 213,5 bilhões até 2015
Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada
Bancos públicos ignoram efeitos da crise e reduzem reservas contra calote

Tags: bancos-eua, captação-aplicação-recursos, crise-americana, sistema-financeiro-americano, entesouramento, falta-confiança, crise-sistêmica

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Afinal, quais as causas da assimetria de informações nas MPEs?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

No mundo dos negócios, a assimetria de informações, também conhecida como assimetria informacional, compreende ao “descompasso” entre as informações econômico-financeiras disponíveis sobre determinada empresa e a sua situação real e verdadeira. 

No caso brasileiro, diversos são os motivos que favorecem ao surgimento de um ambiente nebuloso com um alto nível de assimetria informacional. O problema é mais visível no segmento das MPEs e decorre principalmente de fatores como a falta de fidedignidade da escrituração contábil-financeira, da existência de uma alta carga tributária e da predominância de um gerenciamento amador na maioria das micro e pequenas empresas.

Leia também:
Afinal, cadê o Gerente Financeiro das MPEs? - Portal da Classe Contábil
Afinal, como fica o dilema contábil das MPEs?
Brasil é o país mais empreendedor do G20
A importância e os desafios das MPEs

No que tange a escrituração contábil, verifica-se que as micro e pequenas empresas se voltam apenas para o atendimento das exigências da legislação tributária e insistem em não dar a devida importância ao registro contábil e financeiro de suas transações. 

Quanto à elevada carga tributária, observa-se que a sua complexidade, em conjunto com o alto custo financeiro que “corrói” o faturamento das MPEs, estimulam a divulgação de informações econômico-financeiras defasadas ou a publicação de números que não correspondem à realidade das empresas do segmento. 

Por último, o gerenciamento amador predominante na maior parte das MPEs não dá importância à utilização de informações fidedignas na tomada de decisões e considera que o custo para a contratação e manutenção de melhores serviços de consultoria contábil e financeira é elevado e desnecessário. 

É urgente destacar a necessidade de reverter o cenário acima descrito. A existência de um elevado nível de assimetria nas informações contábil-econômico-financeiras das empresas gera um ambiente de insegurança empresarial, favorece a prática de juros maiores e menores prazos pelos bancos e, além disso, contribui para maiores taxas de mortalidade das MPEs. 

Para concluir, ressalta-se a importância do papel do contabilista no sentido de direcionar sua atuação também para a conscientização dos dirigentes de micro e pequenas empresas sobre a grande relevância da manutenção e utilização de informações fidedignas geradas por bons profissionais contadores.


Confira as últimas postagens
Petrobras investirá no Brasil R$ 213,5 bilhões até 2015
Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada
Bancos públicos ignoram efeitos da crise e reduzem reservas contra calote
Contabilidade atua como ferramenta de prevenção nas empresas

Tags: assimetria-informacional, assimetria-informações, contabilidade-gerenciamento, mpes, micro-pequenas-empresas, sebrae, crédito, administração-microempresas

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Petrobras investirá no Brasil R$ 213,5 bilhões até 2015

Matéria publicada em http://portosenavios.com.br

Plano prevê R$ 4,6 bi para o Paraná

Estatal possui 899 fornecedores aprovados com registro local

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, destacou, na palestra "O pré-sal: mobilização da cadeia de fornecedores", as oportunidades de negócios que as empresas paranaenses têm em decorrência do crescimento do setor de petróleo e gás no país.

"O plano de negócios 2011-2015 da Petrobras prevê um investimento de US$ 213,5 bilhões dentro do Brasil, sendo US$ 4,6 bilhões no Paraná", afirmou. "As empresas paranaenses têm a oportunidade de participar não somente dos investimentos no estado, mas em todo país. Nada impede que uma empresa do interior do Paraná forneça materiais que serão utilizados nas plataformas do pré-sal".

De acordo com Paulo Roberto, a Petrobras possui 899 fornecedores paranaenses aprovados com registro local, o que inclui empresas de todos os setores. "O empresário às vezes pensa que por vender colchão, louça sanitária e torneira, por exemplo, ele não vai participar do pré-sal. Pelo contrário, nós vamos precisar de milhares desses materiais, assim como vamos precisar de milhares de botas, capacetes, bombas, reatores, caldeiras e turbinas", ressaltou.

Prominp e Progredir

O seminário também contou com apresentações do coordenador executivo do Programa Nacional de Desenvolvimento da Indústria de Petróleo e Gás (Prominp), José Renato de Almeida, e da coordenadora do Programa Progredir, Deborah Hadid.

Eles deram detalhes de como a Petrobras está se preparando para superar a falta de mão de obra qualificada do setor e a dificuldade que os fornecedores têm para obter financiamentos.

O Prominp, programa do governo federal coordenado pela Petrobras, já qualificou 79.802 profissionais, 3.387 deles no Paraná. "São 185 diferentes profissionais relacionados à cadeia de fornecimento, que vão do curso básico ao superior", afirmou José Renato de Almeida.

O Progredir, por sua vez, resulta em custo menor de financiamento que chega a 40% para os fornecedores e subfornecedores da Petrobras, beneficiando até o quarto elo da cadeia. "Foram 128 financiamentos até o momento, que atingiram R$ 632 milhões. Nós queremos que nossos fornecedores tenham acesso a crédito rápido e barato", ressaltou Deborah.

Confira as últimas postagens
Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada
Bancos públicos ignoram efeitos da crise e reduzem reservas contra calote
Contabilidade atua como ferramenta de prevenção nas empresas
Bancos dos EUA demolem casas de inadimplentes

Tags: Petrobras-investimentos, pré-sal, prominp-progredir, indústria-petrolífera-naval, investimentos-governo-federal, empresas-estatais, fornecedores-petrobras

sábado, 22 de outubro de 2011

Na relação entre Argentina e Brasil, o perigo mora ao lado

Por Matt Moffett de Buenos Aires

A Argentina depende tanto da gigantesca economia brasileira que as pessoas aqui costumam dizer que, quando o Brasil tosse, a Argentina fica gripada. 

Agora que a economia do Brasil está se desacelerando e sua moeda está enfraquecendo — parcialmente devido aos efeitos da crise europeia — empresários argentinos temem que o Brasil vá comprar menos produtos do país vizinho e, ao mesmo tempo, tentará exportar mais dos seus próprios produtos. 

A queda na cotação do real, de cerca de R$1,60 por dólar para níveis próximos R$ 1,80 desde final de agosto, "é muito importante", disse Teddy Karagozian, presidente da TN&Platex, uma fabricante de produtos têxteis de Buenos Aires. Também o é a desaceleração do crescimento prevista por economistas brasileiros, para menos de 3%,o que é menos da metade do nível do ano passado, acrescentou. "Existe um série de implicações para a Argentina". 

O Banco Central do Brasil cortou, na quarta-feira à noite, a taxa básica de juros, ameaçando alargar ainda mais a disparidade na cotação da moeda.Veja a guerra do chocolate que está borbulhando entre os dois vizinhos. Nas duas últimas semanas, as exportações argentinas de chocolate e doces para o Brasil foram interrompidas devido à decisão do governo brasileiro de impor a necessidade de licença de importação para doces. 

Os empresários argentinos dizem que a medida salienta o jeito do Brasil de responder a tempos difíceis com protecionismo. De maneira alguma, respondeu um porta-voz do Ministério do Comércio Exterior, que afirmou que o Brasil estava apenas tentando coletar mais informação sobre os produtos importados. 

A Argentina deve também enfrentar outro efeito colateral da crise global financeira: o recente enfraquecimento e volatilidade no principal produto agrícola da Argentina, a soja — cujo valor caiu 10% nos últimos três meses. Os impostos de exportação para a soja, assim como outros produtos, equivalem a 10% do faturamento do governo com impostos, ajudando a financiar despesas sociais politicamente populares. 

A presidente Cristina Kirchner, que parece a favorita para ser reeleita no domingo, tem tido que tirar tempo da campanha para se reunir com consultores e discutir a rápida mudança do cenário econômico. Ela está tendo sucesso numa economia que tem crescido cerca de 9% este ano. Mas "tempos mais complicados estão chegando", disse o economista argentino Ricardo Delgado. 

O vice-ministro da Fazenda argentino, Roberto Feletti, disse numa entrevista de rádio recente que a Argentina "está em bom estado" apesar da agitação global. Ele enfatizou a importância dos laços com seu vizinho. "A relação com o Brasil é decisiva para a Argentina, em relação à indústria e às exportações e também politicamente", disse Feletti. 

Os argentinos certamente esperam que o Brasil saia dessa bem, já que é o mercado que absorve cerca de 20% do total das exportações argentinas e 40% das de bens manufaturados. Mesmo antes do enfraquecimento do real, a Argentina registrava um déficit comercial de cerca de US$ 4 bilhões com o Brasil. 

O real vinha aumentando em relação ao dólar desde a metade do ano passado, mas caiu 17% em relação à moeda americana no terceiro trimestre devido ao pessimismo do mercado internacional provocado pela crise na Europa, e também pelo inesperado corte da taxa básica de juros pelo Banco Central brasileiro no dia 31 de agosto. 

Ninguém quer ir muito longe na comparação, mas os industrialistas argentinos chamam atenção para o fato de que em 1999 a desvalorização do real contribuiu para uma espiral de recessão que resultou na crise financeira argentina. 

As economias dos dois rivais têm tido bons resultados nos últimos anos graças aos fortes preços globais das commodities. Mas os dois governos têm aplicado estratégias diferentes para gerenciar essa prosperidade. 

"A Argentina priorizou o crescimento à custa de inflação e o Brasil apostou em menos crescimento, desinflando a taxa de câmbio e mantendo a estabilidade", disse recentemente José Ignacio de Mendiguren, chefe do Sindicato das Indústrias da Argentina, a principal associação do setor industrial. "Eu prefiro o nosso modelo." 

De fato, a forte demanda interna tem empurrado a produção dos fabricantes de calçados argentinos para um recorde de 115 milhões de pares este ano, oito milhões a mais que em 2010, disse Alberto Sellaro, presidente da Câmara da Indústria de Calçados. 

Ainda mais vulnerável à turbulência econômica no Brasil está o grande setor automotivo da Argentina, disse Gustavo Segre, diretor-presidente do Center Group em São Paulo, uma consultoria de comércio exterior e negócios. Segre disse que o estoque dos revendedores de carros brasileiros tem estado muito acima do nível normal, o que provavelmente vai significar cortes nas fábricas argentinas. 

Uma possibilidade para a Argentina é acelerar a depreciação do peso para manter o passo com o real, disse Maria Belén Avellaneda Kantt, uma analista do Centro Argentino para Estudos Internacionais. Mas a Argentina não pode acelerar muito a desvalorização porque isso geraria ainda mais inflação, que já está perto dos 25%, e também tende a encorajar a saída de capital entre os poupadores argentinos, dizem economistas. 

O efeito completo do enfraquecimento do real pode não ser sentido até o fim do ano, disse Miguel Faraoni, dono da fabricante de brinquedos Chikitos e presidente da Associação Argentina da Indústria de Brinquedos. Mais concorrência perto do Natal não é o que os fabricantes de brinquedos argentinos querem. Ele disse que a indústria local precisa de uma certa assistência depois das eleições porque mesmo sem um real fraco, "por 10 anos, a balança comercial da indústria de brinquedos tem sido favorável para o Brasil em cerca de 300% a 400%."

Confira as últimas postagens
Transferência mundial de ativos do Santander é questionada
A importância e os desafios das MPEs
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Investimento: o negócio é começar
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada
Bancos públicos ignoram efeitos da crise e reduzem reservas contra calote
Contabilidade atua como ferramenta de prevenção nas empresas
Bancos dos EUA demolem casas de inadimplentes
Documentário mostra novo ângulo das relações sino-norte-americanas

Tags: Argentina-Brasil, economia-brasileira, economia-américa-sul, comércio-internacional, mercosul, corrente-comércio-Brasil-Argentina, crise-global

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Transferência mundial de ativos do Santander é questionada

Por  Sara Schaefer Munõz e David Enrich

O Banco Santander SA afirma frequentemente que não fica circulando dinheiro entre suas subsidiárias, uma declaração com objetivo de tranquilizar investidores de que o banco espanhol não vai rastrear suas subsidiárias em busca de dinheiro numa emergência. 

O banco tem "um modelo de subsidiárias que são autônomas em captação de recursos e capital", disse o presidente do conselho, Emilio Botín, num discurso nesta cidade no mês passado. No mesmo dia, o diretor-presidente do Santander fez uma apresentação de slides que dizia: "Cada subsidiária é responsável por suas próprias necessidades de capitalização e captação de recursos... os recursos não cruzam fronteiras." 

Mas um exame do relacionamento financeiro entre o Santander e sua subsidiária britânica, Santander U.K. PLC, mostra que bilhões de euros foram transferidos entre a controladora e sua subsidiária nos últimos anos. Boa parte da atividade foi canalizada por meio de uma unidade pouco conhecida do Santander U.K., a Abbey National Treasury Services PLC. 

Informes às autoridades mostram que a subsidiária britânica fornece atualmente um total de mais de 2 bilhões de libras (US$ 3,15 bilhões) em fundos para a empresa controladora em Madri. A controladora abriga o negócio do banco na Espanha, que sofreu prejuízos associados à crise econômica do país. 

Também há arranjos de captação de recursos entre o banco controlador e suas subsidiárias no Brasil e nos Estados Unidos. Em 2009, depois que a subsidiária brasileira do Santander emitiu ações ao público, a controladora espanhola usou 1,49 bilhão de euros da receita para reforçar suas reservas gerais para cobrir, entre outras coisas, prejuízos com ativos espanhóis, de acordo com informes públicos. 

Os montantes são pequenos para um banco como o Santander, que tem um balanço de 1,23 trilhão de euros. E também não é incomum que um banco global transfira fundos entre suas unidades, desde que os colchões de capital continuem adequados e que haja transparência. 

Ainda assim, quando informados sobre as transações, alguns analistas disseram que elas aparentam contradizer as frequentes declarações do Santander sobre a independência de suas unidades. E os analistas dizem que as transações levantam questões sobre como o Santander será afetado por regulamentações propostas na Grã-Bretanha que restringirão o movimento de fundos entre empresas diferentes. 

"Tem havido uma quantia significativa de livre movimento de fundos dentro do grupo Santander no passado recente", disse Alastair Ryan, um analista do UBS AG., quando informado das transações. Como resultado desse movimento, as futuras regulamentações britânicas "seriam uma questão significativa" para o banco, disse. 

A mobilidade dos fundos bancários está assumindo uma importância maior em meio à crescente crise financeira da Europa. Muitos investidores e autoridades estão ansiosos quanto à capacidade dos bancos na Espanha e outros países de captar os fundos de que precisam para financiar suas operações cotidianas. Autoridades temem que bancos possam tirar fundos de subsidiárias estrangeiras, deixando-as com dificuldades de caixa. 

No Reino Unido, a Autoridade dos Serviços Financeiros (FSA na sigla em inglês) manifestaram preocupação ao Santander U.K. sobre seu relacionamento em termos de captações com a controladora, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. As autoridades querem assegurar que, se a controladora espanhola enfrentar dificuldades, não irá arrastar junto com ela a subsidiária britânica, dizem essas pessoas. 

Parcialmente como resultado dessas preocupações, a autoridade reguladora britânica exigiu nos últimos 18 meses que o Santander U.K. reforce seu colchão de liquidez e ponha em ação os planos de transformar o Santander U.K. numa empresa totalmente independente, com ações em bolsa, dizem essas pessoas. 

Executivos do Santander dizem que todos os bancos britânicos estão sendo forçados a aumentar seu estoque de liquidez e que as autoridades da FSA não confrontaram a empresa sobre suas atividades de captação de recursos. "Autoridades britânicas não manifestaram a nós preocupações sobre isso", disse o diretor financeiro do banco, José Antonio Álvarez . Uma porta-foz da FSA não quis comentar.

Leia também:
Afinal, o que é Trade-Off?
Afinal, cadê o Gerente Financeiro das MPEs? - Portal da Classe Contábil
BNDES recebe empréstimo de 500 milhões de euros do BEI
Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada
Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas
Banco do Brasil atinge R$ 1 bilhão em operações do Fies
Geração Y investe mais em Previdência Privada
Bancos dos EUA demolem casas de inadimplentes
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Investimento: o negócio é começar

Tags: santander-bancos, sistema-financeiro, resultados-lucros-bancos, ativos-instituições-financeiras, regulamentação-setor-bancário, economia-mundial

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A importância e os desafios das MPEs

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

Levantamento do IBGE mostra que micro e pequenas empresas representavam em 2009 um percentual de 98,3% do total de empresas e outras organizações legalmente constituídas no país. O período de crises econômicas experimentado pela economia brasileira, a partir do final dos anos 70, gerou o aumento da taxa de desemprego e a elevação do nível de informalidade, contribuindo assim para o surgimento de um grande número de pequenos negócios. Por sua vez, o grande volume desses “micronegócios” criou a necessidade de estabelecimento de legislação específica que tivesse a finalidade de facilitar a assistência e a formalização desses pequenos empreendimentos.

Verifica-se que a importância das MPEs é decorrente, tanto do grande volume de produtos e serviços por elas produzidos e comercializados, como pelo grande número de empregos por elas gerados. Em 2009, micro e pequenas empresas eram responsáveis por 39,4% dos empregos formais no País. Dessa forma, elas podem ser vistas como uma espécie de amortecedor do desemprego.

Mais sobre o assunto:
Afinal, cadê o Gerente Financeiro das MPEs? - Portal da Classe Contábil
Afinal, como fica o dilema contábil das MPEs?
Brasil é o país mais empreendedor do G20

Ainda em relação ao mercado de trabalho, as MPEs representam uma opção de ocupação para uma significativa parcela da população, que possui condição de desenvolver seu próprio negócio, e garantem ainda uma oportunidade de emprego formal ou informal para uma mão-de-obra excedente, em geral com pouca qualificação, que não encontra emprego nas empresas maiores.

Apesar da grande importância das MPEs para a economia brasileira, alguns problemas presentes no cotidiano desses pequenos negócios ainda precisam ser superados. Dentre os principais problemas é essencial citar a elevada taxa de mortalidade, o gerenciamento financeiro amador, a baixa qualificação da mão-de-obra, a assimetria de informações e a pouca disponibilidade de capital de giro próprio.

A solução dos problemas apontados não é fácil e passa pelo envolvimento do Estado e de outras instituições que atuam com foco no fortalecimento do segmento MPE. Neste sentido, observa-se que o SEBRAE desenvolve um papel diferenciado e pode ser utilizado de forma mais intensa. No entanto, o papel principal cabe ao Estado compreendendo desde a qualificação da mão-de-obra e dos próprios dirigentes até a disponibilização de programas e linhas de crédito mais acessíveis por meio de bancos vinculados ao governo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Wal-Mart enfrenta problemas nas operações chinesas

Por LAURE BURKITT, de Pequim
The Wall Street Journal

O Wal-Mart Stores Inc. anunciou que o diretor-presidente de suas operações na China e a vice-presidente sênior de recursos humanos naquele país deixaram a empresa, que está sofrendo desafios regulatórios sem precedentes num importante mercado de crescimento. 

Ed Chan, que era diretor-superintendente e diretor-presidente da Wal-Mart da China desde 2006, saiu da empresa na segunda-feira por motivos pessoais, disse um comunicado da empresa. 

Clara Wong, vice-presidente sênior de recursos humanos da Wal-Mart da China, também deixou a empresa. 

Scott Price, diretor-superintendente e diretor-presidente da Wal-Mart da Ásia, foi escolhido para atuar como presidente interino do Wal-Mart da China. Price vai acumular seus cargos na divisão da Ásia, disse Anthony Rose, um porta-voz do Wal-Mart. Ele não fez comentários adicionais. 

A troca no topo é a mais recente de mudanças na direção da operação chinesa do Wal-Mart. Em maio, o diretor financeiro e o diretor operacional na China pediram demissão. 

Na semana passada, a empresa americana, que tem sede em Bentonville, Arkansas, informou que dois funcionários do Wal-Mart foram presos e 35 outros foram detidos na metrópole chinesa de Chongqing devido a alegações do governo municipal de que a varejista rotulou fraudulentamente a carne de porco comum como sendo um tipo mais caro de carne de porco orgânica. 

Na quarta-feira, um porta-voz do governo de Chongqing citou um relatório no jornal oficial da cidade que dizia que, dos 35 detidos, 25 ainda estavam em detenção, o que significa que as autoridades terão que libertá-los ou acusá-los formalmente nos próximos dias. Sete outras pessoas estavam em prisão domiciliar e três haviam sido libertadas mediante fiança. 

O Wal-Mart já informou que está cooperando com as investigações em curso. A rede fechou temporariamente 13 de suas lojas em Chongqing depois que o governo ordenou que elas fossem fechadas por 15 dias e multou o Wal-Mart em 3,65 milhões de iuanes (cerca de US$ 575.000). Autoridades de Chongqing alegaram que a empresa vendia carne de porco rotulada enganosamente há dois anos. 

O Wal-Mart havia anunciado em março que teve um faturamento de US$ 7,5 bilhões no ano passado em suas 328 lojas na China então em operação, número que subiu para quase 350.


Leia também:
Afinal, cadê o Gerente Financeiro das MPEs? - Portal da Classe Contábil
Aprendam com o Brasil, diz Eike Batista aos EUA
Documentário mostra novo ângulo das relações sino-norte-americanas
Americanos levam Nobel por pesquisas empíricas na macroeconomia
Impulsionado por inadimplência, spread bancário atinge maior nível em dois anos
Afinal, o que é Trade-Off?
Afinal, o que é Terapia Financeira?
Seguro de risco político
Brasil é o país mais empreendedor do G20
Brasil corre risco de desindustrialização mesmo com economia sólida...

Tags: wal-mart, economia-chinesa, regulações-china, comércio-global, operações-internacionais, multinacionais, rede-varejo

Investimento: o negócio é começar

Matéria publicada originalmente em http://www.previ.com.br

Investir nada mais é que uma tomada de decisão, mas para muita gente parece algo complexo. Apesar de ser lugar comum esse tipo de impressão, os especialistas vão à contramão dessa ideia e lutam para desmistificar e incentivar o cuidado atencioso com o dinheiro. 

Mestre em psicologia econômica, Flavia Possas afirma que, realmente, as pessoas têm muita dificuldade em planejar, poupar e orçar. Segundo a especialista, há uma tendência a preferir a gratificação imediata. “Temos dificuldade em deixar de consumir agora para poupar, investir e poder consumir mais no futuro. Acabamos focando no presente e fazendo as coisas sem planejar muito. Além disso, muitas pessoas acreditam que lidar com finanças é complicado demais e acabam adiando o assunto indefinidamente”, comenta Flavia. 

Começar a investir 

Dar o primeiro passo é importante para a saúde financeira do cidadão, mas a continuidade é fundamental. De qualquer modo, antes de começar a investir é preciso se informar, ter em mente o seu objetivo, o horizonte de prazo do investimento que quer fazer e diagnosticar o seu perfil de investimento, que determinará quanto risco está disposto a correr. 

“Quando recebemos um cliente novo temos a preocupação de identificar seu perfil, que pode ser conservador, moderado ou arrojado. Também é preciso entender os objetivos e seus horizontes. Em seguida, vamos ajudá-lo a montar uma carteira de investimento. Vale lembrar que diversificar a carteira irá gerar um ganho interessante ao investidor. Os estudos comprovam essa estratégia”, alerta o gestor de investimento da Lecca Financeira, Georges Catalão. 

Manutenção dos investimentos 

Porém, muitas pessoas até começam a investir, mas logo depois de alguns meses fazem saques, mexem no montante e, em alguns casos, chegam a desistir de suas aplicações. Para Flavia Possas, a manutenção do investimento é algo difícil, pois as pessoas, antes de investirem, não planejam com cuidado se o tipo de investimento, o risco e o prazo estão adequados às suas necessidades. “Muita gente investe em renda variável sem informação e acaba levando um susto quando a Bolsa de Valores cai. O que aconteceu nesse ano, por exemplo. Então, fica com medo e tira todo o dinheiro”, diz Flavia. 

Outra situação apontada pela especialista acontece com quem começa a investir, mas ao mesmo tempo não tem uma reserva e, por qualquer motivo, quando precisa de dinheiro acaba tendo que mexer no investimento. “Se o investidor entende melhor o seu perfil em termos de quanto risco ele quer tomar e em quanto tempo ele pretende usar aquele dinheiro, é muito mais fácil manter o investimento”, recomenda Flavia. 

Nesse sentido, o aconselhamento de Catalão é relevante. “É preciso explicar ao investidor as implicações de determinado investimento. Os pontos fortes e fracos. Saber sobre os horizontes e desejos também faz parte do sucesso do investimento”, afirma o gestor de investimento da Lecca Financeira. 

Objetivos 

Para Flavia Possas não importa se o objetivo do investimento é para algo tangível, como a compra de um carro ou imóvel, ou algo para um futuro distante, como a aposentadoria. “O importante é saber o que o investidor deseja para adequar o risco, a liquidez, a questão de imposto etc”, comenta Flavia. 

Catalão comenta que muita gente começa a investir colocando o dinheiro na poupança, independentemente do objetivo almejado. A justificativa pode ser dada pela cultura da inflação vivida por muitos anos no Brasil, mas o gestor não recomenda esse investimento para ninguém. “A poupança sempre perde, por exemplo, para Letra Financeira do Tesouro (LFT). O nível de juros de hoje não é interessante para poupança. Ter um objetivo facilita, mas o que eu considero mais importante em investimento é o horizonte”, explica Catalão.

Leia também:
Afinal, o que é Trade-Off?
Afinal, o que é Terapia Financeira?
Aprendam com o Brasil, diz Eike Batista aos EUA
BNDES recebe empréstimo de 500 milhões de euros do BEI
Bancos dos EUA demolem casas de inadimplentes
Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores
Aprenda a montar o seu Plano Estratégico de Despesas
E a consultoria para os milionários brasileiros?
Especialistas recomendam cautela no uso de cheque especial e cartão de crédito
Câmara aprova aviso prévio de 90 dias

Tags: investimento-finanças-pessoais, consultoria-financeira, aplicações-financeiras, bancos, sistema-financeiro, planejamento-financeiro-pessoal

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Family offices se expandem no Brasil, sob a mira de reguladores

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - Nos últimos anos, a multiplicação de novos ricos e o aumento de profissionais de investimentos órfãos da consolidação bancária fez florescer no Brasil as family offices, casas especializadas em administração de fortunas. 

Agora, preocupados em evitar uma proliferação desordenada dessa atividade, órgãos reguladores estão apertando o cerco sobre os chamados gestores de patrimônio financeiro. 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que estuda a reforma da Instrução 306, que trata dos administradores de carteiras, para incluir atividades específicas da gestão de recursos de terceiros. 

E a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que lançou no começo do ano um código de autorregulação, busca elevar o número de associados, antes de criar uma base de dados do setor. 

"Existe muita gente na informalidade", resume o presidente do Comitê de Gestores de Patrimônio Financeiro da Anbima, George Wachsmann. 

A preocupação tem motivo. O segmento, que surgiu no Brasil há cerca de uma década, tem atualmente em carteira calculada em mais de 100 bilhões de reais, segundo estimativas de especialistas. 

No início, eram sobretudo casas criadas para gerir os investimentos de uma família numa empresa. São casos como a Península, da família Diniz no Grupo Pão de Açúcar, ou a Janos, formada para cuidar da fatia dos Seabra, Leal e Passos, sócios da Natura. 

No entanto, essa atividade, hoje conhecida como single family office, se desenvolveu e ganhou ramificações. A própria Janos deu origem à Pragma, um dos ícones do mercado de multi family offices, escritórios que atendem a vários clientes. 

Segundo estimativas da Anbima, existem no mercado mais de 100 dessas empresas, inclusive estrangeiras. Por enquanto, apenas 19 fazem parte do comitê de autorregulação do segmento na Anbima. Cerca de 30 aderiram ao código da entidade. 

A preocupação dos reguladores tem a ver não apenas com o crescimento de instituições, mas também com a diversidade de atuação. Há oferta de serviços jurídicos, tributários e contábeis, todas atividades cujos profissionais são sujeitos a certificações específicas. 

Para Wachsmann, no entanto, o objetivo dos reguladores não é restringir a atuação do setor. "Não estamos querendo tirar ninguém do mercado, mas apenas criar um padrão mínimo de conduta." 

Essa realidade não é apenas local. Nos Estados Unidos, a Family Office Exchange estima que apenas um terço das cerca de 9 mil entidades do ramo no país sejam formais. 

MAIS MILIONÁRIOS 

No Brasil, o universo de clientes não para de crescer. Segundo um levantamento recente do Merrill Lynch com a Capgemini, o país fechou 2010 com 155,4 mil milionários --pessoas com mais de 1 milhão de dólares disponíveis para aplicação. 

O Brasil aparece na décima primeira posição no ranking mundial do setor, entre as nações que mais criaram ricos nos últimos anos. 

A maioria dos clientes das family offices são famílias que venderam parte ou todas as ações de uma empresa na bolsa de valores ou a investidores estratégicos, como fundos de private equity. Na última década, estrearam na Bovespa mais de 100 empresas, a maioria oriunda de controle familiar. 

Com dinheiro na mão --as family offices em geral atendem clientes com pelo menos algumas dezenas de milhões de dólares-- e faminto de assessoria individualizada, muitos desses novos ricos vão eles mesmos atrás de sugestões de investimentos. 

"Tem gente que nos procura para saber se há empresas disponíveis à venda", conta o sócio da Cypress, boutique especializada em fusões e aquisições e que tem as family offices como clientes, Dalton Shoji. 

A maioria, porém, quer diversificar as aplicações, distribuindo os recursos em ativos dedicados aos chamados investidores qualificados, como cotas de fundos de recebíveis, debêntures e em fundos de private equity ou de imóveis. 

"Além disso, tem recursos que vêm indiretamente de private banks", conta o sócio da Pátria Investimentos Nemer Rahal. 

A Pátria criou uma área específica para atender family offices, que hoje representam diretamente por 25 por cento dos cerca de 10 bilhões de reais que a empresa tem sob gestão. 

Grande parte das family offices são criadas por profissionais egressos de processos de fusões bancárias e que resolveram criar seus próprios escritórios de assessoria financeira. 

"Os seus clientes são pessoas com dinheiro que estão sendo mal atendidas ou que não prestam serviço individualizado", diz Wachsmann, da Anbima, e também sócio da Bawm Investments.

Itaú e BB acirram disputa por aposentadoria privada


Matéria publicada originalmente em http://www.segs.com.br

Brasilprev, braço de previdência do Banco do Brasil, chegou a encostar no líder Bradesco em arrecadação, mas acabou perdendo a posição de vice

A disputa pelas primeiras posições do mercado de previdência privada aberta está cada vez mais acirrada. No mais recente levantamento divulgado pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), a Brasilprev perdeu a vice-liderança em arrecadação de planos de previdência para o Itaú.

Em março, o braço de previdência privada do Banco do Brasil (BB) chegou a encostar no líder Bradesco em participação de mercado - a diferença entre ambos chegou a ser de apenas 0,5 ponto percentual (p.p.). Desde então, a companhia se distanciou do Bradesco e tem alternado a segunda posição com o Itaú. "Essa concorrência entre os principais agentes de mercado é esperada", diz André Camargo, superintendente de gestão estratégica da Brasilprev.

Apesar de representar um avanço da concorrência, o executivo afirma que a liderança em arrecadação não é o objetivo principal da empresa. "É claro que estamos atentos às oscilações de mercado, mas nosso foco é manter a liderança em captação líquida (depósitos menos regastes) este ano, de forma a avançarmos em ativos." Osvaldo do Nascimento, diretor- executivo de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco, atribui o avanço apresentado pela empresa nos últimos às alterações promovidas no processo de venda de produtos de investimento. Hoje, o Itaú analisa o perfil do cliente (processo conhecido como suitability) e indica o melhor produto de acordo com objetivos e prazos de resgate.

"É natural que, se o horizonte de investimento é de longo prazo, planos de previdência sejam os mais adequados. Queremos vender soluções de investimento e não produtos de previdência", aponta. Para Nascimento, mais importante que o avanço em arrecadação é a evolução das reservas (ativos sob gestão).

R$ 100 bilhões na liderança 

Enquanto a disputa na vice-liderança é feita cabeça a cabeça por Itaú e Brasilprev, a Bradesco Vida e Previdência semantémlíder absoluta em arrecadação de planos de previdência, segundo levantamento mensal da Fenaprevi. Em julho, a participação de mercado era de 31,2%, seguida pela ItaúVida e Previdência (25,5%) eBrasilprev (19,9%). A companhia também é líder em ativos sob gestão, com R$ 80 bilhões.

"Queremos chegar ao final do ano com R$ 100 bilhões em ativos sob gestão", afirma Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência.

"Para nós, o mercado de previdência privada não representa modismo ou oportunidade.

É o nosso negócio." Independente das oscilações observadas no ranking, todos os executivos concordam em um ponto: as perspectivas de crescimento são positivas. "Atuamos em um mercado aquecido, onde todos os participantes tem potencial de crescimento", diz Camargo, da Brasilprev. A expectativa da indústria de previdência privada é atingir R$ 1 trilhão em ativos sob gestão até 2018, montante hoje em R$ 246,6 bilhões.

Leia também: